quinta-feira, 14 de maio de 2009

E o público que se dane, de novo...

Prof. Dr. Marcondes Neto
A história se repete.

Pouco mais de cem anos depois, um parlamentar brasileiro - o excelentíssimo sr. Sérgio Moraes, deputado federal pelo PTB do Rio Grande do Sul - repete, em conteúdo muito similar, a filosofal máxima do magnata estadunidense William Henry Vanderbilt, que, em 1882, quando cobrado na imprensa sobre a qualidade dos serviços prestados por suas ferrovias, mandou esta pérola: "o público que se dane", dando, com este gesto, início à história moderna das Relações Públicas: em 1906, um jornalista seu conterrâneo, Ivy Lee, passava a oferecer aos jornais um serviço informativo inédito, divulgando informações empresariais julgadas por elas (e por ele, com sua experiência de redação), de algum interesse do público.

Lee explicava sua atividade dizendo "não fazemos jornalismo", inaugurando a era da preocupação das organizações com imagem institucional, algo que poderia ser trabalhado (não construído, note bem) com divulgação (honesta, de fatos) prestada por uma atividade nascente - a assessoria de imprensa - batizada public relations.

Relações Públicas

A evolução levou os grandes grupos empresariais a criarem internamente diretorias de public affairs para tocar todas as frentes em que uma organização precisa agir para conviver bem com a comunidade em que se instala - desde a vizinhança física até as autoridades municipais, passando pela clientela e, logicamente, pela imprensa.

Artur da Távola, parlamentar fluminense falecido há um ano, costumava dizer, não sem uma (grande) pitada de ironia, que "não existe opinião pública, mas opinião de quem publica". Foi exatamente nessa sutileza que residiu outra infeliz frase do deputado gaúcho; "vocês da imprensa batem, mas continuamos a ser eleitos". Separou ele, para defender seus interesses e atitudes, a opinião pública da ação da imprensa - que em nome dela se exerce. O jornalista brande no ar - com razão - não as suas convicções apenas, mas a dos seus leitores; afinal, o escriba escreve aquilo que buscamos ler. Se a "escritura" não vai muito ao nosso encontro, trocamos de assinatura e lá vamos nós atrás de outras fontes. Outros veículos, outros jornalistas.

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