sexta-feira, 29 de maio de 2009

A comunicação e comunicador-consultor

Índio Brasileiro*


Era muito comum lermos livros e assistirmos palestras em que os profissionais da comunicação defendiam o “ser multidisciplinar”, aquele que tem várias competências e está disposto a realmente integrar uma equipe com objetivos e metas comuns. Eu mesmo já participei de inúmeros eventos que teve essa definição como norte, mas cujas conclusões se restringiram apenas aos anais.

A novidade é que, nos últimos anos, este conceito tem saído do papel e ganhado cada vez mais força no ambiente da comunicação. Atualmente, um comunicador adequado e de sucesso precisa ser estrategista, decisor, planejador, flexível, gestor e ainda apresentar uma ampla visão sistêmica.

O profissional que se encaixa neste novo perfil é, automaticamente, valorizado pela organização e pela sociedade. Afinal, consegue aumentar, naturalmente, a capacidade de conclusão das metas traçadas e ampliar o alcance e penetração de sua mensagem.

Neste contexto, destaca-se a forte e consolidada relação entre as agências de comunicação, mídia, sociedade e segmento empresarial. Se antigamente a grande maioria das empresas brasileiras cancelava os serviços de assessoria de imprensa nos momentos mais turbulentos, hoje isso não ocorre mais. O fato, que encontra embasamento na valorização da comunicação e nos exemplos bem-sucedidos da Europa, rechaça qualquer suspeita sobre a ineficiência dos componentes (emissor, receptor, mensagem, canal de propagação, meio, resposta e o ambiente).

Um elemento interessante é a pesquisa, recentemente divulgada pela Abracom, associação que reúne 310 agências de comunicação de todo o País, que mapeou o impacto da crise em seus associados e nos trouxe dados respeitáveis. O levantamento concluiu, por exemplo, que 58% dos entrevistados não tiveram os resultados financeiros de 2008 afetados pela recente crise mundial.

Trata-se de um índice representativo, se comparado com outros mercados, como, por exemplo, as empresas de tecnologia, que no final do ano passado dispensaram vários trabalhadores; e o segmento de minerais não-metálicos que ainda sofre com uma certa estagnação do setor de construção civil.

O levantamento da Abracom também sinalizou que 67% das agências entrevistadas tiveram o faturamento do ano passado maior do que o de 2007 e que 40% delas espera ter esse mesmo desempenho em 2009. O dado atesta a importância do profissional multidisciplinar e o fato das empresas sentirem a necessidade de contarem, cada vez mais, com a ajuda dos comunicadores-consultores, aqueles profissionais cujo trabalho não está limitado apenas à propagação da informação e têm capacidades e competências para orientar os clientes, por exemplo, sobre a melhor época para se lançar determinado produto.

Esta capacidade estratégica dos assessores de comunicação rompeu, ao longo dos anos, diversas barreiras e agora está sendo percebida e muito bem aceita pelas diversas mídias, que confiam no conteúdo fornecido por esses profissionais. Estudos publicados no recém-lançado livro Assessor de Imprensa – fonte qualificada para uma boa notícia, de Rodrigo Capella, comprovam este cenário. Durante quatro anos, o autor entrevistou assessores de imprensa, jornalistas de redação, estudiosos e relações públicas para mapear o relacionamento e grau de confiança estabelecido entre esses profissionais.

Uma das pesquisas, por exemplo, revela que para 86,7% dos profissionais entrevistados, assessores de imprensa e jornalistas de redação são parceiros. Esse dado positivo pode ser explicado porque, no momento atual, os assessores de comunicação não se restringem apenas à divulgação de informações que interessam apenas aos clientes, mas se preocupam em oferecer aos colegas de redação pautas, informações e fontes de interesse público.

Outro dado interessante, que consta no livro, diz respeito à checagem de informações. Para 66,7% dos entrevistados, a mídia confere, em alguns casos específicos, as informações recebidas pelas assessorias de comunicação. Esse quadro corrobora que a parceria e o companheirismo entre esses profissionais realmente existe e que é fundamental para a produção noticiosa.

Esta realidade deve se solidificar ainda mais nos próximos anos com a difusão mais concreta do PR 2.0, ou seja, a propagação de informações, por parte das assessorias, via Internet, por meio de vídeos, mídias sociais, imagens, RSS, bookmarking e tagging.

Essa é a nova era da comunicação e quem não estiver inserido dificilmente será um profissional multidisciplinar, um comunicador-consultor!

Indio Brasileiro é administrador de empresas e sócio-diretor da FirstCom Comunicação, da I-Group, da GR Marketing e da Oca Comunicação.

Fonte: baguete

Nenhum comentário:

Postar um comentário