segunda-feira, 6 de julho de 2009

Um dia de fúria

*Lucia Faria

Tem horas que dá desânimo, em outras a gente vibra desproporcionalmente. É normal em qualquer ser humano. Como sou humana, logo sou normal em me sentir assim. O importante é não perder o bom humor, embora a gente não o encontre a todo momento e em qualquer esquina.

A tristeza hoje é em constatar que, apesar de tanto escrevermos e lermos a respeito da comunicação corporativa, muitas empresas ainda transferem aos gestores da área a responsabilidade única e exclusiva do trabalho de sua imagem junto à imprensa. Não entendem que isso faz parte de uma série de ações e atitudes permanentes, inclusive relacionadas com o público interno, que hoje está no Twitter postando os meandros da empresa em 140 caracteres.

Em período de crise - que muitos empresários usam como argumento para apertar ainda mais seus fornecedores já espremidos por tantas taxas e impostos - cresce a busca por trabalhos de comunicação por "job". Ou seja, clientes querem estar na mídia na hora em que determinam, como se os jornalistas estivessem ali só esperando sua incrível notícia.

Uma marca que nunca se comunicou, que pouco ou nada investiu em publicidade em dez anos de história, que tem um trabalho pouco conhecido exige de seus assessores de comunicação a presença na mídia na semana seguinte após a contratação dos serviços. E cobram resultados de maneira insistente, para ontem. Quando o sucesso acontece, no momento em que a empresa começa a fazer parte da agenda das redações, aí decide refrear o investimento. Só voltará à agência de comunicação na próxima crise ou no próximo fato de extrema relevância (para ele, claro). E começará tudo de novo. Até o momento que a gente decida dar um basta, com o risco de fechar o mês apertado no banco.

Por isso, é imprescindível atuarmos como educadores dos clientes e do mercado como um todo a fim de mostrar a importância de um trabalho estruturado de comunicação e os limites inevitáveis de nossa profissão. Vai levar tempo ainda, mas só nos resta esta saída. Claro, e um pouco mais de paciência também.

*Lucia Faria é jornalista, pós-graduada na Universidade de São Paulo (USP) em Gestão Estratégica em Comunicação Organizacional e Relações Públicas. Com mais de 20 anos de experiência no mercado, comanda desde 2002 sua própria agência, a Lucia Faria Inteligência em Comunicação.

Fonte: Portal Imprensa

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