* Valdeci Ferreira
Em tempos de reflexão a respeito do fim das atividades profissionais regulamentadas temos uma necessidade maior de entender o cenário antes de tentar mudar tendências simplesmente pelo contexto do interesse privado profissional ou até mesmo moral.
As profissões, de uma forma geral, impactam diretamente no interesse público social e por isso são alvos de constante vigilância por meio das entidades relacionais.
As profissões, de uma forma geral, impactam diretamente no interesse público social e por isso são alvos de constante vigilância por meio das entidades relacionais.
Temos Sindicatos, ONGs, Associações, Cooperativas, Ordem, CONSELHOS, Agências.
Tentando explicar rapidamente, os CONSELHOS são instituídos não para uma valorização da profissão ou para aguerridas discussões de assuntos salariais e conquistas de condições de trabalho para os profissionais a eles ligados. Esses papéis são respectivamente de Associações e Sindicatos que hoje tem tanta dificuldade de articulação quanto quaisquer entidades de classe com baixa representatividade e poder.
A representatividade é um processo que depende de condições e recursos financeiros oriundos da arrecadação espontânea ou obrigatória para seu exercício.
Quando reclamamos dos tributos, e essa reclamação é generalizada, com certa razão, o que devemos obrigatoriamente avaliar é: qual a aplicação feita em prol da coletividade e não qual a condição individual de vantagens obtidas. Quando processamos ganhos individuais estamos apenas participando da engrenagem patrimonialista em que os corruptos também estão inseridos.
Os CONSELHOS Profissionais são autarquias dotadas de administração autônoma, voluntária e gerida por recursos de anuidades. O grande paradigma é que essas anuidades provêm processos fiscalizatórios para estabelecer parâmetros éticos de atuação profissional e garantir proteção a sociedade contra profissionais oportunistas, que munidos de poder persuasivo podem gerar manipulação e promover ônus individual ou coletivo às pessoas. Pagamos para que possamos ter o salvo conduto de nossa condição profissional atestado pelos que elegemos e escolhemos.
A cobrança a que os CONSELHOS estão submetidos é a de garantir essa proteção enquanto a sociedade não for capaz de administrá-la. Essa prerrogativa é nobre e garante prestígio aos que se alinham com os tais parâmetros éticos sociais. Promove-se nos mesmos a referência diferenciada e estabelece confiança e credibilidade das instituições e organizações que demandam seus serviços e produtos.
Longe estamos disso! E é importante agudizar o debate em prol de nossa melhoria representativa. O que não podemos é ficar onde estamos!!
Hoje nossa discussão é rasteira quando não participamos essa mesma sociedade do assunto e não esclarecemos o que somos e o poder que temos que origina a necessidade de regulamentação, diploma e leis.
Quando comparamos os Países “avançados”, que não tem regulamentação, e argumentamos que essa é a saída, cometemos um grande equívoco ao não analisarmos o nível de educação dessas nações. Em regra, a inserção a educação de qualidade desses países, desde a infância, é maior do que a nossa, o que possibilita um considerável senso crítico a respeito das “coisas” do mundo. Em nosso País temos cerca de 10% apenas da população que freqüenta bancos de escolas superiores que estarão recebendo informação a respeito de ética, moral social e cidadania. O que faz uma grande diferença do restante da sociedade que não teve o mesmo acesso.
Isso vale para Relações Públicas, Jornalismo, Medicina, Advocacia, Publicidade, Contabilidade, Odontologia, Administração e uma infinidade de profissões que existem e ainda poderão existir.
Como então ter a certeza de que essas profissões não devam ser regulamentadas?
Podemos concordar com a desregulamentaçã o não pelo caminho da consideração de agentes que tem mais a difamar do que discutir e debater. Podemos concordar com a desregulamentaçã o quando essa vier do clamor da sociedade educada, consciente e capaz de discernir a manipulação da persuasão, o interesse público do privado e o certo do errado.
Quando ontem a regulamentação se deu por meio da ditadura, hoje a necessidade se mantém para garantir o Estado democrático. Temos a necessidade de tornar moderna essa representação e não romper com tudo e todos.
Portanto é necessário cumprir nosso papel ético profissional, aumentar nossa condição de representatividade, buscar esclarecer a sociedade sobre os fatos, compor co-responsabilidade , trabalhar informações qualificadas e estabelecer senso de justiça para que se possibilitem argumentos fortes.
Esse é um momento histórico de união!
“Ética sem competência não se estabelece, Competência sem ética não se matem.” Platão
*Valdeci Ferreira é Presidente CONRERP 3º Região.
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