quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Entrevista com Carlos Keffer


Entrevista feita pela aluna de Relações Públicas, Jociana Lopes, com o curador da exposição “Museu Encantado Barbie” Carlos Keffer.

Mini-curriculo do curador:
Carlos Keffer, psicólogo, 42 anos, começou a sua coleção aos 27 anos, fez a sua primeira exposição em 2002, e já realizou diversas exposições e sessões de fotografias com as suas bonecas expondo em mais de 35 cidades do Brasil. Hoje com um acervo de aproximadamente 610 bonecas, continua compartilhando a sua belíssima coleção com o público adulto e infantil.

ENTREVISTA

Entrevistador: Como começou a coleção até chegar as 539 peças?
Carlos:
Hoje já são cerca de 610 peças... tudo começou quando um amigo meu chegou e disse: "Carlos, tem uma boneca absurda numa vitrine de uma loja que você precisa ver!" Quando cheguei na loja vi uma reprodução bastante fiel de Audrey Hepburn em Minha Adoravel Dama, um musical dos anos 1960. O vestido era uma replica perfeita. Fiquei com vontade de adquirir a boneca, apesar de nunca ter tido uma na minha vida (tinha cerca de 27 anos quando esta cena aconteceu). Assim comprei a boneca numa vontade de ter perto de mim, de forma concreta, a atmosfera daquele filme que tanto adorava, de forma tridimensional (no cinema tudo é bidimensional e passageiro!). Assim descobri no verso da caixa que existiam mais tres modelos de roupa daquele filme, e comprei todos. Depois descobri que estas bonecas faziam parte de uma nova coleção chamada Legends of Hollywood - e adquiri todas desta serie. Imaginei ter em casa uma especie de museu particular, onde eu pudesse admirar, em miniatura, esses personagens incriveis do cinema. Veio o Ken como James Dean, a Barbie como Marilyn Monroe... e aos poucos descobri que estava a minha coleção contando a historia da moda, entao eu pensei: bom, esta representa bem o estilo de 1910, agora eu preciso de uma estilo 1920... e assim fui cobrindo todas as decadas. Até que uma amiga, que era curadora do Senac Moda, chegou e me disse: sua coleção conta a historia da moda, vamos fazer uma exposição? E assim fizemos uma primeira exposição entitulada "Forever Barbie" em 2002 no Senac, que foi um sucesso estrondoso de publico e midia (foi o evento mais visitado da historia do Senac). Tudo isso foi um estimulo para ampliar mais a coleção, e comecei a viajar pelo pais com as exposições, o que faço ate hoje.

Entrevistador: Porque a Barbie?
Carlos: A Barbie é um icone pop. Ela sintetiza padrões de comportamento e beleza da nossa sociedade ocidental, de forma ludica e divertida. Ela conta a historia da moda e das transformações da mulher nos ultimos 50 anos. Ela representa também as transformações dos sonhos das meninas nestas ultimas decadas, e de como elas idealizam a figura da mulher.

Entrevistador: Como você relaciona a profissão de psicólogo com a construção da sua coleção?
Carlos:
Sempre fui um admirador dos ensinamentos da escola junguiana, e sou um apaixonado por simbolismo e arquétipos. Barbie simboliza o arquétipo da mulher poderosa, que nutre, cuida e gera esperança. Também cada personagem de filme homenageado por Barbie possui seu proprio simbolismo, e meu desejo era ter um museu imaginario do inconsciente coletivo.

Entrevistador: A sua realizaçào pessoal está mais ligada a possuir as bonecas (como colecionador) ou dividi-las com o público em suas exposições?
Carlos: Todo colecionador se sustenta em tres pilares: possuir, ordenar e preservar. Eu incluiria este novo topico de dividir com o publico, que foi o que realmente me mobilizou à esta "missão" de levar o sonho de Barbie aos quatro cantos do pais. Fico muito emocionado de ver como o publico, de idades mais variadas possiveis, reage à magia de Barbie. Barbie desperta a fantasia que existe dentro de nós. As exposições, nestes 8 anos, já foram vistas por mais de 6 milhões de pessoas em mais de 35 cidades do Brasil.

Entrevistador: Quantas pessoas trabalham com você na manuntenção da coleção (costureiras, restauradores, etc.) e quantas atuam quando é necessário o deslocamento das peças para expor?
Carlos: Trabalho com mais duas pessoas no cuidado do coleção, pois preciso sempre estar ajeitando o cabelo delas e limpando as peças. No deslocamento, depende do tamanho do evento. Em Salvador, tivemos 3 noites de montagem com 8 montadores por noite, mais um produtor e mais 3 assistentes comigo preparando as bonecas. São mais de 210 bonecas expostas aqui.

Entrevistador: Você tem ciúmes da coleção?
Carlos:
Depois que monto a exposição e deixo a cidade, me dá uma breve angústia de deixa-las... mas já me acostumei a este momento "depressao pós-parto", então eu seguro a onda e vamos em frente!

Entrevistador: Quando expõe a coleção você acha que a sua coleção está mais nos imaginário dos adultos ou das crianças?
Carlos: Nos dois: crianças, adolescentes, adultos e terceira idade ficam encantados com o evento. Claro que para os adultos a viagem é outra, é mais ligada a uma nostalgia de um tempo passado. Mas tudo é poesia!

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